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TESTE: Jeep Compass Blackhawk

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O Jeep Compass é, desde que foi lancado aqui em 2012, um dos SUVs mais desejados e vendidos do Brasil; símbolo de status, tecnologia e competência no fora de estrada. Mas para este ano que está se encerrando, a Jeep decidiu dar um passo maior e lançou uma versão que une requinte, atitude e esportividade em um só “pacote”: o Jeep Compass Blackhawk. Inspirado em edições especiais de apelo visual que já fizeram sucesso em diversos mercados, chegou como a versão mais marcante e exclusiva do SUV médio por aqui. O principal motivo está debaixo do capô: o motor Hurricane 4 turbo de 272 cv de potência máxima e câmbio automático de nove marchas.

por Ricardo Caruso – fotos produzidas na Fazenda Santa Maria, Águas da Prata, SP


O sobrenome “Blackhawk” não é por acaso. O Compass adota um visual totalmente escurecido, explorando o conceito de “dark luxury”, luxo com sobriedade. Todos os elementos cromados das versões convencionais dão lugar a detalhes em preto brilhante ou fosco. A grade frontal, o logotipo da Jeep, os frisos laterais, as rodas e até os racks de teto seguem essa temática, criando um contraste elegante com as cores da carroceria, em especial o preto Carbon, o cinza Sting (a cor do modelo avaliado) e o branco Polar, que destacam ainda mais os elementos “sombrios” do conjunto.

As rodas são de aro 19, com acabamento em preto brilhante e desenho exclusivo, calçadas com pneus 235/50, conjunto que reforça a “pegada” esportiva da versão, enquanto os faróis full LED com máscara escurecida e luzes diurnas em LED mantêm o visual ainda atual. Atrás, o emblema “Blackhawk” em relevo e preto fosco, assina a exclusividade da versão, complementado por saídas de escapamento discretas e para-choque traseiro redesenhado.

O resultado é um Jeep Compass com forte presença: imponente, sofisticado e, ao mesmo tempo, com uma aura de esportividade que o diferencia de qualquer outra versão da linha.

Ao abrir as portas, a identidade Blackhawk continua presente em cada detalhe. O interior é dominado pelo acabamento em preto, os bancos são revestidos de material sintético que imita couro e alcântara (com ajustes elétricos e abas laterais largas nos dianteiros para segurar o corpo) e com costuras contrastantes; alguns detalhes são em cinza fosco e o volante segue de três raios, multifunções. O teto e as colunas também são revestidos em preto, criando uma atmosfera mais aconchegante e requintada, reforçando a proposta da versão topo de linha.

O painel abriga ao centro a conhecida tela de 10,1 polegadas do sistema multimídia Uconnect, com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, além de integração total com o aplicativo “Jeep Adventure Intelligence”, que permite monitorar e controlar diversas funções do carro pelo smartphone. À frente do motorista fica o cluster digital de 10,25 polegadas, que oferece várias opções de personalização e uma interface moderna e fluida.

O conforto é outro destaque: cinco ocupantes se acomodam com conforto (o central traseiro é sempre sacrificado), o ar-condicionado é digital dual zone e o sistema de áudio premium da Harman Kardon, com nove alto-falantes e subwoofer, transforma o habitáculo em uma verdadeira sala de som. O porta-malas tem capacidade que vai de 410 a 1.191 litros.

A grande atração desta versão Blackhawk do Jeep Compass, como já dissemos, é o conjunto motor/câmbio. Trata-se basicamente do powertrain já usado na Ram Rampage, com o motor Hurricane, um 2.0 turbo com bloco e cabeçote em alumínio, injeção direta e duplo comando variável de válvulas. Ele oferece exagerados e ao mesmo tempo desejados 272 cv de potência e 40,1 mkgf de torque, máximos. Acoplado a ele, há um câmbio automático de nove marchas com sistema de tração integral.

CARACTERÍSTICAS

  • O motor é um 2,0 litros turbo a gasolina, de quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro) e duplo comando de válvulas (DOHC).
  • A cilindrada exata é de 1.995 cm³.
  • Diâmetro × curso: 84 mm de diâmetro dos cilindros e 90 mm de curso do pistão, característica que favorece o torque em baixas rotações
  • Taxa de compressão de aproximadamente 10:1.
  • Sistema de alimentação por injeção direta de gasolina, turbocompressor e comandos variáveis (tanto na admissão quanto no escapamento) para otimizar desempenho e as respostas.
  • Posicionamento do motor: dianteiro, transversal, como nos muitos SUVs da Stellantis que usam essa mesma plataforma.

DESEMPENHO E POTÊNCIA

  • Potência máxima: 272 cv a 5.200 rpm.
  • Torque máximo: 40,8 mkgf a 3.000 rpm.
  • Aceleração de zero a 100 km/h: 6,3 segundos.
  • Velocidade máxima: 228 km/h.

TRANSMISSÃO, TRAÇÃO E ACOPLAMENTOS

  • O motor trabalha acoplado a uma caixa de câmbio automática de nove marchas (transmissão ZF).
  • A tração é 4×4 (integral sob-demanda), com selecionador de modos de condução, o que permite uso em diferentes terrenos, não somente no asfalto.
  • O Blackhawk possui três modos de condução acionados no Seletor: Auto, Neve (Snow) e Areia/Lama (Sand/Mud)
  • Relações de transmissão começam em 4,7:1 na 1ª marcha e vão até 0,48 na 9ª. Essa gama ampla favorece tanto arrancadas e retomadas dignas quanto velocidade de cruzeiro eficiente.

NA PRÁTICA

  • Devido ao torque elevado disponível já a 3.000 rpm, o motor entrega boas retomadas e garante dinâmica esportiva para um SUV médio. A relação peso/potência está em torno de 7 kg/cv.
  • Na estrada, a combinação potência/tração permite que o Compass Blackhawk mantenha comportamento estável, acelerações interessantes e respostas rápidas.
  • Para acompanhar esse nível de desempenho, a marca recalibrou componentes como suspensão e freios, com discos maiores na dianteira.

CONSUMO E EFICIÊNCIA

  • O consumo em nossos testes apontou 8,5 km/l na cidade, e na estrada até cerca de 12,5 km/l de gasolina, nesse caso dirigindo com cautela. Se “enfiar o pé”, espere 10 km/litro ou um pouco menos em rodovias.
  • O tanque tem capacidade de 55 litros, o que dá uma autonomia razoável para um conjunto de desempenho elevado: até 697 km.
  • A taxa de compressão de 10:1, combinada com turbo, injeção direta e comando variável, indica que o motor foi projetado para alto desempenho, exigindo gasolina de boa qualidade para entregar o rendimento máximo. A adição de etanol à gasolina pode alterar esses números.

O Compass Blackhawk não é apenas um rostinho bonito num corpinho idem. Ele traz um bom e completo “pacote” de tecnologias de assistência à condução. Entre os itens, destacam-se:

  • Controle de cruzeiro adaptativo (ACC)
  • Frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres e ciclistas
  • Alerta de colisão frontal e de troca de faixa
  • Monitoramento de pontos cegos e tráfego cruzado traseiro
  • Estacionamento semi-autônomo (Park Assist)
  • Câmera 360º de alta definição

Além disso, o SUV conta com seis airbags, controle de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas e detector de fadiga do motorista.

Ao volante, o Compass Blackhawk transmite a sensação de robustez típica dos Jeep, mas com uma dose extra de sofisticação e muita esportividade. O isolamento acústico aprimorado e o acerto de suspensão — ligeiramente mais firme — conferem uma direção precisa, ideal para quem busca conforto, mas gosta de sentir o carro sob controle em velocidades mais elevadas.

Na cidade, o conjunto responde com suavidade e linearidade, enquanto na estrada o SUV mantém a boa estabilidade, mesmo abusando do acelerador.


Conclusão

A versão Blackhawk custa R$ 43 mil a mais que a versão S, imediatamente anterior. Em comparação com o motor 1.3 Turbo T270 anterior, são 87 cv de potência e 13,3 mkgf de torque a mais, o que é bastante e faz toda a diferença.

O Blackhawk é o Jeep Compass mais sofisticado da linha,e chegou não para ter grandes volumes de vendas, mas para atender o público que valoriza exclusividade, estilo e conteúdo tecnológico. Ele não é apenas mais uma versão do SUV mais vendido da categoria, é uma interpretação elegante e refinada do que a Jeep pode oferecer em termos de visual e experiência de condução.

Com estilo ainda imponente, mesmo depois de 13 anos de mercado, interior luxuoso e conjunto mecânico já consagrado na picape Ram Rampage, o Blackhawk é, sem dúvida, o Compass mais sofisticado e marcante já produzido no Brasil. Uma versão feita para quem quer se destacar no cenário, mas de maneira discreta, como convém a um verdadeiro “predador”.

É claro que um “pacote” desse naipe não custa barato. O preço é de R$ 279.990. Mas essa versão do Compass tem comprador certo:

  • Quem busca desempenho elevado, aceleração forte e presença esportiva.
  • Quem vai extrair mais do carro: segurança nas ultrapassagens, uso rodoviário mais agressivo e uso eventual no fora-de-estrada leve, graças à tração 4×4.
  • Quem valoriza ter na garagem o topo da linha, com diferenciais visuais, acabamentos premium e equipamentos mais sofisticados.
  • Quem não se preocupa com a conta bancária e aceita custo maior de compra, consumo mais alto e manutenção mais exigente.


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