TESTE: VW Amarok 3.0V6 4×4 Extreme
Testamos a topo de linha, que ainda traz muita potência com refinamento e sotaque alemão.
A Volkswagen Amarok V6 sempre teve uma pretensão clara: ser a picape média mais potente e sofisticada do mercado brasileiro. E desde sua chegada ao Brasil, em maio de 2010, ela conseguiu exatamente isso. Agora, em sua versão atualizada para este ano de 2025, a Amarok mantém o mesmo foco na força e robustez, mas evolui em alguns detalhes que reforçam o seu caráter premium e a sensação de dirigir um veículo que mistura comportamento de carro de passeio com a brutalidade de um utilitário de verdade. Custa R$ 315 mil.
por Marcos Cesar Silva

A Amarok V6 nunca precisou de adereços espalhafatosos para se impor, exibindo o visual clean típico dos produtos Volkswagen. Seu desenho é equilibrado, com linhas retilíneas, grade robusta e faróis integrados que mantêm a identidade da marca. Há mais de um ano, quando a VW anunciou que a Amarok passaria por uma reestilização, a expectativa foi grande sobre a atualização de um projeto, que veio à luz como já dissemos em 2010, sempre produzida na Argentina.

Em termos de desenho, a Amarok 2025 teve boa parte das mudanças feitas na dianteira, lembrando um pouco as Saveiro e os SUVs da marca, como as linhas do para-choque e detalhes da grade. Mas engana-se quem acha que ela é um “Saveirão”… longe disso!


Os faróis são estreitos e com LEDs, interligados por uma faixa iluminada nas versões Highline e Extreme. E não dá para negar que é um conjunto interessante. Nas laterais, tudo igual, apenas as rodas foram redesenhadas, aro 20 (calçadas com pneus 255-60) enquanto a traseira tem lanternas escurecidas e mantém o visual clássico e limpo. A tampa da caçamba carrega os logos “Amarok”, “V6” e “4Motion”, e o para-choque cromado abriga os sensores de estacionamento e a câmera de ré. É uma picape que impressiona, mas sem precisar apelar para receber atenção.

O capô alto e os para-lamas “musculosos” ainda garantem a boa presença e algum destaque no cenário das ruas, sem cair no exagero. Na versão V6 Extreme, que AUTO&TÉCNICA avaliou, o conjunto visual se completa com as rodas de 20 polegadas, “santantônio” esportivo e estribos laterais integrados, reforçando a imagem de sofisticação aliada à força.





Por dentro, a Amarok mostra porque ainda é uma das picapes mais agradáveis de dirigir do mercado brasileiro. O acabamento é correto, com materiais de boa qualidade e ergonomia exemplar. O painel mantém o estilo mais tradicional da Volkswagen, com instrumentos analógicos claros e o sistema multimídia central compatível com Android Auto e Apple CarPlay.
Os bancos, revestidos de material sintético que imita couro, têm excelente apoio lateral e conforto digno de um sedã de luxo. O espaço interno é generoso na frente, mas o banco traseiro, como em quase todas as picapes médias, é mais vertical no encosto e menos confortável em longas viagens. Ainda assim, o ambiente é acolhedor e transmite robustez, o que combina perfeitamente com a proposta da Amarok.

O grande destaque, evidentemente, está sob o capô. Ao decidir não trocar ainda de geração, a VW conseguiu mantever o motor 3.0V6 turbodiesel, já consagrado nas versões anteriores, e que sempre impressiona. O 3.0V6 turbodiesel (EA987) tem 258 cv de potência máxima e nada menos que 59,1 mkgf de torque também máximo, disponíveis já a 1.400 rpm. Esse conjunto é gerenciado por uma transmissão automática de oito marchas, suave e rápida nas trocas. O motor recebeu atualizações para evitar problemas com a baixa qualidade do diesel brasileiro.

Há o modo “Overboost”, disponível por curtos períodos, quando o V6 diesel libera até 272 cv de potência, tornando a Amarok a picape diesel mais potente do segmento. É disponível entre 50 e 120 km/h por até 10 segundos com o acelerador pressionado acima de 70% do curso. O resultado é um desempenho digno de esportivo: de zero a 100 km/h em 7,5 segundos, número impressionante para um veículo de mais de 2 toneladas. Apenas para registrar, a Ram Rampage R/T a gasolina, equipada com o motor 2.0 turbo Hurricane 4, tem os mesmos 272 cv e 40,8 kgfm de torque.
Mas o que mais agrada ao volante é a forma como ela entrega esse desempenho. A resposta ao acelerador é imediata, e o som grave do V6 invade a cabine de maneira envolvente, sem ser cansativo. É uma picape que transmite segurança e prazer ao dirigir, algo raro nesse tipo de veículo.

Em estrada, a Amarok V6 é praticamente imbatível. A tração integral 4Motion, com distribuição automática de torque entre os eixos, garante a melhor aderência em qualquer tipo de piso. A suspensão é firme sem sacrificar o conforto: independente na dianteira e com eixo rígido na traseira, que trabalham em perfeita harmonia, e o controle eletrônico de estabilidade entra em ação de maneira discreta, mantendo tudo sob controle.
Nas curvas, ela é surpreendentemente estável. A carroceria rola pouco e o volante, de resposta precisa, transmite confiança. O conjunto de freios a disco nas quatro rodas — um diferencial importante em relação à concorrência — reforça a segurança e o controle, mesmo com a picape carregada.

No fora de estrada, a Amarok não é o suprassumo, mas também não decepciona. A VW a vende como um modelo destinado à terra, mas na verdade ela se impõe mesmo é no asfalto. O torque abundante, o bloqueio eletrônico de diferencial e os modos específicos de condução para pisos de baixa aderência permitem superar obstáculos com facilidade. É evidente que seu habitat natural é o asfalto, onde ela realmente mostra todo o seu refinamento.
Apesar do desempenho impressionante, o consumo é razoável para o porte do veículo. Em uso urbano, a Amarok V6 faz médias próximas de 8 km/litro, enquanto na estrada pode alcançar 11 km/l, dependendo do estilo de condução. Nada mal para uma picape com quase 260 cv e tração integral permanente. A velocidade máxima é de 190 km/h.
O conforto é outro ponto que merece destaque. O isolamento acústico é excelente, o câmbio trabalha de forma quase imperceptível e a suspensão, mesmo sendo robusta, absorve bem as irregularidades do piso. A Amarok é uma daquelas picapes que podem ser usadas no dia a dia sem compromissos, algo raro em um veículo dessa categoria.
Em termos de dimensões, peso e capacidades, ela tem:
- 5.330 mm de comprimento
- 3.097 mm de entre-eixos
- 1.954 mm de largura
- 1.851 mm de altura
- 2.191 kg de peso
- 1.104 kg/1.280 l de capacidade de carga
Conclusão
Mesmo após anos no mercado, a Volkswagen Amarok V6 continua sendo uma das referências em desempenho, conforto, acabamento e comportamento dinâmico entre as picapes médias. Sua combinação de motor potente, câmbio eficiente e tração integral colocam-na em um patamar diferenciado, mais próxima de um SUV esportivo do que de um utilitário convencional.

Enquanto a nova geração global da Amarok, desenvolvida em parceria com a Ford Ranger, se prepara para desembarcar no Brasil, a atual V6 segue firme como a opção mais emocional da categoria. É a escolha de quem quer potência, robustez e requinte, tudo no mesmo “pacote”.
Preço elevado? Sim. Visual já conhecido? Também. Mas nada disso diminui o brilho de uma picape que, mesmo veterana no mercado, ainda entrega mais prazer ao dirigir do que muitas concorrentes novatas. A Amarok V6 é, antes de tudo, uma afirmação de força, com sotaque alemão e alma de esportiva. Se existisse uma picape Audi, ela seria a própria Amarok.

