Marlboro e corridas: a fórmula do sucesso
Houve um tempo, na história do automobilismo de alto nível, em que os pilotos competiam muito mais pelo prazer do esporte do que pelos salários. Época em que a Fórmula 1, por exemplo, vivia o auge dos pilotos irreverentes, beberrões e mulherengos, e o tabaco fazia parte do espetáculo.
por Rubens Caruso Junior
Naquele tempo, o verdadeiro embate não era só nas pistas, mas também entre as equipes e as marcas de cigarro. O patrocínio das “tabacarias” injetava bilhões de dólares no esporte até que, em 2006, a FIA proibiu esse tipo de publicidade.
A Fórmula 1 e o tabaco formavam uma dupla perfeita. Hoje, o esporte é mais técnico e seguro, mas antes era quase teatral: pilotos ousados, carros malucos e pistas desafiadoras. A adrenalina era o tempero principal.
Os pilotos eram considerados loucos, assim como as pistas, os espectadores e os carros. A loucura, na verdade, era o ingrediente secreto que tornava tudo tão emocionante. A mudança veio com o profissionalismo e foco na preparação física e mental. Obviamente, hoje em dia, a F1 é um esporte mais “sério” — e muito mais chato.
As pinturas ostentando marcas de cigarros refletiam bem aquele estilo de vida. Conheça com AUTO&TÉCNICA algumas parcerias bem sucedidas de equipes de corrida e a Marlboro, talvez a marca de cigarros mais associada ao esporte em todos os tempos.
McLaren-Marlboro
A parceria entre McLaren e Marlboro é uma das mais marcantes da história da F1. Foram nada menos que 23 temporadas seguidas com o famoso vermelho e branco, antes da substituição pela marca West. A Marlboro começou com a BRM, equipe que revelou Niki Lauda, em 1972.

Em 1974, a McLaren estreou sua pintura vermelha e branca com Emerson Fittipaldi e Denny Hulme. Fittipaldi venceu o campeonato de pilotos e a equipe levou o de construtores. A pintura simples e ousada, com fundo branco, “chevron” vermelho e letras pretas, virou símbolo de uma era. A partir daí, eles se tornaram uma das forças dominantes na Fórmula 1, tendo conquistado 20 títulos no total desde então.


Entre 1980 e 1983 a marca era, também, patrocinadora principal do Marlboro Team Alfa Romeo (abaixo).

Para nós, brasileiros, a combinação “Senna-McLaren-Marlboro” é inesquecível e traduziu nos três campeonatos do piloto. Outros pilotos lendários como Niki Lauda, Alain Prost e James Hunt correram sob essas cores.

Marlboro e Ferrari: longa parceria

A Marlboro começou a patrocinar a Ferrari em 1984 e virou patrocinadora principal em 1993, a segunda parceria mais popular entre uma equipe de Fórmula 1 e a marca. Mesmo após a proibição da publicidade de cigarros, a Marlboro continuou presente de forma sutil, como no projeto “Mission Winnow”.
A pintura vermelha da Ferrari sempre foi dominante, mas o círculo branco e os detalhes do carro em preto e amarelo deram um toque especial nos anos 1990.
Fórmula Indy
Impossível falar de Marlboro e corridas e não citar, novamente, Emerson Fittipaldi. Uma muito bem sucedida carreira nos Estados Unidos traz lembranças como a memorável vitória na Indy 500 de 1989.

Marlboro Brazilian Team
O “Marlboro Brazilian Team” foi um programa criado pela Marlboro para patrocinar e promover 11 pilotos brasileiros em 1995, após a morte de Senna. Foi a primeira vez que uma empresa de tabaco criou uma equipe nacional de pilotos. Entre os principais nomes estavam Emerson Fittipaldi, Rubens Barrichello, Christian Fittipaldi e Tony Kanaan, que corriam em diversas categorias, como Fórmula 1, IndyCar e Fórmula 3 Europeia.

- Formação : A equipe foi formada em 1995, expandindo o patrocínio de longa data da Marlboro aos pilotos brasileiros.
- Objetivo : O objetivo era criar uma “equipe” nacional unificada de pilotos sob o patrocínio da Marlboro, representando a marca em diferentes categorias de corrida.
- Principais impulsionadores : Os 11 pilotos iniciais incluíam:
- Fórmula 1: Pedro Paulo Diniz
- IndyCar : Emerson Fittipaldi, Rubens Barrichello, Christian Fittipaldi e André Ribeiro
- Outras categorias: Tony Kanaan (F3 italiana), Wilson Fittipaldi Jr. (Stock Car), e Luiz Garcia Jr., Gualter Salles e Hélio Castro Neves (F3 inglesa)
Lancia Stratos
No Campeonato Mundial de Rally (WRC), a Marlboro patrocinou equipes como Lancia, Mitsubishi e Peugeot. O Lancia Stratos, com seu visual futurista e motor Ferrari V6 turbo, brilhou no Grupo 4 nas temporadas de 1974, 75 e 76, bem como na Targa Florio em 1974, além de vencer o Tour de France cinco vezes.

Outras pinturas marcantes
Além da F1, a Marlboro apareceu em diversos carros lendários:
McLaren F1 GTR: com motor BMW V12, correu com a pintura Marlboro na “4 Horas de Zhuhai” em 1996. Os carros, com numerais 2 e 6, terminaram em 3º e 4º lugar, atrás de um Porsche 911 GT1 e uma Ferrari F40 GTE.

Ferrari 308 GTB Rally: enfrentou calor extremo no Baja Montesblancos, na Espanha, com a temperatura no interior do carro chegando a 50 °C. Nessas condições, a inimaginável Ferrari “off road” não terminou a prova. Não era um carro oficial de fábrica, mas montado pela Michelotto, empresa italiana especializada na construção de carros de corrida.

Porsche 911 4×4: participou de ralis como o “Tierra San Vicente” e o “Baja Montesblancos”. Tão marcante quanto a pintura Marlboro era o enorme emblema Porsche na frente do carro.

Toyota Supra GT LM: correu em Zhuhai em 1995, mas teve desempenho abaixo do esperado.

No Brasil
Nas categorias nacionais, certamente a presença mais lembrada da Marlboro foi na Stock Car, em 1995, com o Omega do legendário Wilsinho Fittipaldi que, naquela temporada ficou em quarto lugar, tendo vencido a prova de Jacarepaguá, mesma pista que 17 anos antes consagrou sua equipe Copersucar.


Ainda há muitas histórias envolvendo a Marlboro no automobilismo — da Mitsubishi no WRC às motos de GP. Cada pintura carrega um pedaço da história e da ousadia que marcaram gerações. Nesse caso, “venha para o mundo de Marlboro”…