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Especial: como nasceram os fora-de-série nacionais, há 70 anos

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Carroçarias especiais, feitas de chapa de aço, por Monarca, em suas oficinas de São Paulo. Esta é a primeira organização do gênero que se funda no país com o objetivo de fabricar automóveis “especiais”, para o gosto de cada comprador. Na foto, um Fiat conversível

Reprodução de matéria publicada na “Revista de Automóveis”, de abril de 1955, número 13, mantendo inclusive a gramática, legendas das fotos e o estilo da época.

Ford cupê fixo duas portas.

Se você mora em um bairro exclusivo, em uma casa cujo projeto você mesmo sugeriu, se a decoração é de seu gosto exclusivo; se você é uma pessoa da sociedade, habituada a seu clube exclusivo e a um círculo selecionado de amizades; se você é, enfim, uma pessoa de gostos exclusivos, como compete à sua educação e a seus meios de vida, por que não poderá possuir, também, o seu carro exclusivo? – eis a pergunta que fêz o Dr. Alcides Dalé a uns pares de anos atrás, em 1948, viajando pelas estradas da Itália, ao observar automóveis de desenho especial que constituem as “sub” séries fabricadas pelos carrossiers especializados da pátria da arte.

Ao voltar para São Paulo, a idéia não mais o abandonou: aos poucos se foi equacionando em busca de uma solução industrial para que também nós tivéssemos um carro “exclusivo”, criado para a personalidade de seu possuidor, a seu gôsto e que, por ser o único de seu desenho, resistisse às imposições da moda ditada por um mercado de milhões de compradores – ou, melhor ainda, pelas exigências de uma indústria baseada em produção econômica, isto é, produção em massa.

Ao mesmo tempo, por outros caminhos, imbuído do mesmo entusiasmos pelas carroçarias “exclusivas”,  um técnico italiano, possuidor de largo tirocínio e familiarizado no lado prático da solução do problema, deliberava vir para o Brasil – e fixar-se em São Paulo.

Em 1953, Oliviero Monarca deixava sua prória oficina em Assisi, e se transportava com sua família para sua nova terra, que já recebera tantos de seus conterrãneos que, aqui no Novo Mundo, haviam encontrado o acolhimento generoso e a oportunidade para conquistar mais amplos objetivos.

Formado na escola quotidiana do trabalho, conhecendo a fundo sua profissão, que aprendera nos institutos industriais de sua terra, Oliviero Monarca só necessitava, e apenas, do incentivo de algum outro homem esclarecido, que, como êle, estivesse possuído das mesmas idéias – homem que encontrou em Alcides Dalé, que por tradição de família e de trabalho, viria a lhe facultar a assistência imprescindível, que resultasse na constituição da sede para a obra comum, e também o crédito para que desde logo estruturasse o sucesso da empresa.

Fundaram em 1954 a Sociedade Carrocerias Monarca Ltda, e instalaram-se com oficinas à rua Manoel Dutra 298 (Nota da Redação: no bairro do Bexiga) , a minutos do centro comercial de São Paulo.

O Porsche Spyder Monarca, de joão Rebellato.

Desde então, uma boa dezena de automóveis “exclusivos” já foi vestida por Oliviero Monarca, o primeiro dos quais foi um Simca-sport, produzido para o campeão paulista Celso Barbieris, com o qual venceu várias corridas em Interlagos no ano passado. Depois desse Simca, a oficina não mais parou, merecendo relêvo o Ford do próprio Alcides Daré (vide segunda capa) e um Cadillac, que está sendo produzido para sua esposa, D. Teresa de Toledo Lara Dalé.

Rodando pelas ruas de S.Paulo, dificilmente se reconhecerá ni no carro de Osvalo Siares Leite Ribeiro uma Cadillac; no de Roberto Machado de Almeida uma Fiat; no de Vicente Oscar Hugo uma Lancia; no de João A. Rebellato uma Porsche…

Alcides Dalé informa, com orgulho:

_ Esta é a primeira iniciativa no gênero em tôda a América do Sul. Fazemos, em chapa, de aço, uma única carroçaria para cada pessoa. A nossa é a primeira organização em todo o Continente que trouxe para a história da indústria brasileira a primazia de um tal empreendimento. O sucesso do nosso trabalho nos orgulha – diz Alcides Dalé – a mim e a Oliviero Monarca, muito mais do que nos possa satisfazer o lucro da empresa comercial.


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