Audi apresenta o visual para seu carro de Fórmula 1
A última corrida da Auto Union na Fórmula 1 foi há 86 anos, no GP da Itália de 1939, realizado em Monza, na Itália. Essa foi a última corrida antes do fim daquela temporada, que foi interrompida pela Segunda Guerra Mundial. A Auto Union correu no que hoje é considerado o Campeonato Mundial de Fórmula 1, e sua participação foi bastante bem-sucedida, principalmente nos anos 1930, quando a montadora conquistou vários títulos com pilotos como Bernd Rosemeyer e Rudolf Caracciola. No ano que vem, a marca das quatro argolas volta a estar nas pistas de Fórmula 1.

“Ao entrar para o auge do esporte motorizado, a Audi está fazendo uma declaração clara e ambiciosa”, afirmou o chefão da Audi, Gernot Döllner. “É o próximo capítulo na renovação da marca. A Fórmula 1 será um catalisador da mudança rumo a uma Audi mais leve, mais rápida e mais inovadora”.
por Marcos Cesar Silva

A pouco mais de 100 dias da sua primeira corrida na Fórmula 1 moderna, a Audi apresenta uma antevisão da presença da marca na categoria, no seu Brand Experience Center, em Munique (Alemanha). Tal como acontecerá nos futuros modelos de produção, a Audi irá levar para a pista, e para além dela, uma presença repleta de compromissos. Não se trata do carro pronto para a competição, e sim uma apresentação do visual e grafismos que serão usados.

Segundo Döllner, a Audi entra na categoria com um plano ambicioso, mas realista: “Não entramos na Fórmula 1 apenas para marcar presença. Queremos ganhar. Ao mesmo tempo, sabemos que não se torna uma equipe de ponta da noite para o dia. É preciso tempo, perseverança e uma constante capacidade de questionar o status quo. Até 2030, queremos lutar pelo título de Campeões do Mundo”.

O Audi R26 Concept é uma declaração clara e antecipa o esquema de cores e o visual do Fórmula 1 da marca, que será apresentado em janeiro. Esta identidade visual baseia-se na filosofia de desenho recentemente introduzida e nos seus quatro princípios: simples, técnico, inteligente e emocional. “Estamos implementando uma linguagem de desenho unificadora que reúne todos os aspectos da nossa organização”, afirma Massimo Frascella, da Audi. “Este passo torna o projeto de Fórmula 1 pioneiro da nova identidade da marca, que será aplicada no futuro tanto à equipe de F1 como à Audi no seu todo”.


Superfícies gráficas minimalistas, definidas por cortes geométricos precisos, integram-se de forma harmoniosa nas linhas do carro. A paleta de cores inclui titânio, carbon black e o recém-introduzido vermelho Audi. Como parte desta identidade, a Audi vai utilizar também seu logotipo (as quatro argolas) em vermelho, para destacar a sua presença na Fórmula 1.

O projeto de Fórmula 1 é um marco estratégico para a Audi, refletindo a reinvenção tecnológica, cultural e empresarial da marca. Pretende inspirar tanto clientes como colaboradores. O desenvolvimento e a competição decorrem dentro de um enquadramento economicamente atrativo: o teto orçamentário, aplicado a todas as equipes, garante orçamento e condições claramente definidos, enquanto o alcance global da Fórmula 1 oferece forte visibilidade para a marca e gera oportunidades de patrocínio.

A Fórmula 1 tem sido, durante décadas, uma plataforma esportiva globalmente instituída e, com mais de 820 milhões de fãs; é a modalidade esportiva mais popular do mundo. Em 2024, cerca de 1,6 mil milhões de telespectadores acompanharam as corridas, número que deve ser superado neste ano. As equipes de Fórmula 1 têm atualmente avaliações financeiras na ordem dos bilhões de dolares. A futura equipe Audi de F1 já conta com três grandes corporações globais como parceiras –Adidas, BP e o futuro patrocinador principal Revolut– e existe um forte interesse de outras empresas em apoiar a entrada da Audi na Fórmula 1.

Para voltar na Fórmula 1, a Audi adquiriu na totalidade a equipe Sauber, na Suíça, no início deste ano, criando, assim, as condições para integrar o fundo soberano do Qatar como investidor. No comando do “Projeto Audi F1” estão dois gestores experientes da categoria: Mattia Binotto (ex-Ferrari) e Jonathan Wheatley (ex-Red Bull), que se reportam diretamente ao chefão da Audi, Gernot Döllner. No que diz respeito aos pilotos, a marca aposta numa combinação de experiência e juventude, com o experiente Nico Hülkenberg (Alemanha) e o talentoso brasileiro Gabriel Bortoleto.

“A Fórmula 1 é mais do que um esporte motorizado”, afirmou Jürgen Rittersberger, executivo da AUDI. “É entretenimento, emoção, tecnologia e, também, um desafio. Mas é precisamente esta combinação que nos leva onde queremos chegar: trazer novos grupos de clientes para a Audi”.
“Com o enorme alcance da Fórmula 1, temos a oportunidade de atrair novos clientes para a nossa marca, especialmente no segmento mais jovem, onde a Fórmula 1 está crescendo rapidamente. Graças ao teto orçamental, a Fórmula 1 é também mais financeiramente sustentável do que nunca. Quando analisamos o desenvolvimento das oportunidades de patrocínio, as avaliações das equipes e o potencial global de receitas na Fórmula 1, uma coisa torna-se clara: este caminho faz todo o sentido para a Audi também do ponto de vista económico”, afirmouou.
O automobilismo faz parte da identidade da Audi e sempre foi uma força motriz para o progresso tecnológico e a inovação. Desde o primeiro carro de GP com motor central, passando pelos modelos quattro de tração integral nos ralis, até aos motores Diesel, híbridos e elétricos em Le Mans, na Fórmula E e no Rali Dakar, a Audi conduziu todos os seus projetos esportivos ao sucesso, abrindo sempre novos caminhos. A entrada na Fórmula 1 pretende dar continuidade a esse legado.
O categoria máxima do automobilismo é considerada o laboratório de testes mais exigente do mundo. Os curtos ciclos de desenvolvimento, as cadeias de decisão reduzidas e a agilidade nas decisões pretendem servir de modelo para toda a empresa. Ao mesmo tempo, a Audi mantém-se próxima dos avanços tecnológicos e dos novos materiais. Graças à competição, a Fórmula 1 atua como impulsionador tecnológico tanto para a mobilidade elétrica como para os combustíveis sintéticos sustentáveis (e-fuels). temas altamente relevantes também para os modelos de produção. Nestes dois domínios, os regulamentos oferecem grande liberdade e espaço para cração e inovação.
As profundas alterações no regulamento técnico da Fórmula 1 a partir de 2026 representam uma oportunidade ideal para a Audi, enquanto estreante, de entrar no auge do esporte motorizado. Todos os concorrentes terão de se familiarizar com novos regulamentos e tecnologias ao mesmo tempo, tanto ao nível do chassi como do grupo motopropulsor.
Desde 2022, a Audi está desenvolvendo a unidade motriz para a Fórmula 1, em Neuburg an der Donau, o único local operacional de uma equipe de F1 na Alemanha. Consiste num motor de combustão interna (ICE) V6 com cilindrada de 1,6 litros e sobrealimentação turbo, num sistema de recuperação de energia (ERS), incluindo armazenamento de energia (ES) e uma unidade geradora elétrica (MGU-K), bem como numa unidade de controle eletrônico (CU-K).
Além da unidade motriz, a caixa de câmbio também está sendo desenvolvida em Neuburg. Os novos regulamentos técnicos para todo o conjunto mecânico dos F1 centram-se numa maior relevância para os veículos de rua, com um novo conceito híbrido. A potência do motor elétrico foi triplicada e, no futuro, estará em nível comparável ao do motor de combustão, que será alimentado por combustíveis sustentáveis a partir de 2026. A Audi trabalha exclusivamente com a empresa britânica BP neste domínio desde 2022.
O desenvolvimento conceitual do conjunto mecânico do F1 “Made in Germany” começou em 2022. Apenas dois anos depois, toda a mecânica funcionou dinamicamente como uma unidade, pela primeira vez, numa simulação de corrida na bancada de testes. As simulações virtuais e as ferramentas de desenvolvimento digital são particularmente importantes, uma vez que os regulamentos impedem testar os novos motores em pista até início de 2026.
Tal como no desenvolvimento de produtos na Audi, os simuladores de condução, as ferramentas digitais e os métodos aplicados desempenham um papel significativo no processo de desenvolvimento. As primeiras unidades motrizes para utilização em pista já foram concluídas e serão enviadas a partir de Neuburg an der Donau para os respectivos locais a partir de dezembro.
A equipe desenvolve e constrói os seus carros na F1 Factory, em Hinwil. A localização suíça é também responsável pelo planeamento e execução das operações de corrida. Além disso, um escritório tecnológico está em funcionamento em Bicester, Reino Unido, desde o verão de 2025. A presença no chamado “Motorsport Valley” dá à equipe acesso a conhecimento adicional em Fórmula 1. Existe uma cooperação técnica intensiva entre os locais para explorar totalmente as vantagens e as oportunidades de uma equipe de fábrica, por meio da integração perfeita do motor e do chassi.
A futura Audi F1 fará a sua estreia pública oficial no lançamento da equipe, em janeiro de 2026. Pouco depois, os primeiros testes oficiais com os carros de Fórmula 1 de nova geração terão lugar no final de janeiro em Barcelona, Espanha ainda a portas fechadas. Durante testes adicionais no Bahrain (11–13 de fevereiro e 18–20 de fevereiro), a equipe de fábrica da Audi irá testar seu Fórmula 1 pela primeira vez em público, antes da tão aguardada estreia da marca na categoria em Melbourne, Austrália, de 6 a 8 de março

