TESTE: Fiat Titano Ranch 2.2 2026
Confira como Peugeot, China, Argentina e Betim se misturam na excelente picape Titano Ranch 2026, que evoluiu muito desde que chegou ao Brasil no ano passado. Ganhou novo powertrain, acabamento premium, mais tecnologia e exibe muitas virtudes, até no fora de estrada.
A picape média da Fiat chegou ao mercado brasileiro em março de 2024, importada do Uruguai, com a ambição de ocupar espaço competitivo no segmento. A Titano Ranch 2026 representa o topo da linha da Titano, trazendo novo motor 2.2 turbo-diesel, sistema 4×4 robusto, dimensões generosas e acabamento voltado tanto para uso utilitário quanto para conforto de nível mais elevado. Neste teste avaliamos minuciosamente aspectos como desenho, desempenho, dirigibilidade, interior, equipamentos, segurança, consumo e a viabilidade prática da Fiat Titano Ranch no Brasil.
por Ricardo Caruso

A Fiat apresentou há pouco tempo a nova picape Titano 2026, que agora é fabricada na Argentina. A picape média da Fiat recebeu uma série de melhorias mecânicas, de equipamentos e de tecnologia que garantiram uma nova possibilidade no mercado brasileiro para quem precisa de uma boa picape desse porte, não apenas se preocupando em pagar menos por um veículo dessa característica.

No primeiro contato com a Titano 2026, impressiona a nítida evolução. Por isso, exatos 14 meses depois da última avaliação feita por nós, ela volta para AUTO&TÉCNICA para confirmarmos o que realmente mudou e melhorou nela. O teste da versão Ranch, a mais completa da linha, mostrou que, custando R$ 285.990 nessa configuração topo de linha, ela conseguiu se livrar da pecha de picape barata e agora reuniu forças para enfrentar S10, Ranger e até Hilux.

A principal mudança depois que atravessou o Rio da Prata é a adoção do motor 2.2 turbodiesel Multijet II, mais atual, já aplicado em outros produtos da Stellantis no Brasil, como Jeep Commander, Fiat Toro e Ram Rampage. Para o nosso mercado, ela vem com 200 cv de potência e 45,9 mkgf de torque, máximos. Isso significa 20 cv e 5,1 mkgf extras se comparado com o motor 2.2 turbodiesel utilizado na Titano até então.

Visualmente, a Titano Ranch se destaca no cenário e se impõe. Tem 5,33 m de comprimento e distância entre-eixos de 3,18 m, o que confere à picape um perfil muito amplo. A largura também é substancial (aproximadamente 1,96 m) e altura é de 1,85 m, o que acaba exigindo atenção em vias urbanas mais estreitas; manobras de garagem e ruas estreitas podem ter uma dose extra de desafio para as habilidades do motorista. A altura para o solo — de 23,5 cm — também chama atenção, reforçando a capacidade off-road da picape.






A versão Ranch ganha detalhes diferenciados para evidenciar sua posição no topo da linha: rodas de liga leve de 18 polegadas, pneus all terrain 265/60, estribos laterais, “santantônio” cromado e faróis e lanternas também com LEDs. A caçamba conta com capota marítima e protetor, e se destaca como a maior da categoria. Chega a 1.314 litros nas versões sem protetor. Com o protetor de caçamba, o volume cai para 1.109 litros. Além do grande espaço que oferece, a caçamba possui área de 2,6 m², iluminação, tomada 12V e capacidade de carga de cerca de 1.020 kg.

Em termos de estilo, a linha Titano opta por formas robustas um pouco mais clássicas, com frente elevada, capô largo, e elementos de uso para o “fora de estrada” visíveis, como protetor de caçamba, gancho de reboque, para-barros etc. A combinação entre função e busca por imagem premium é clara na versão Ranch: você sente que está ao volante de uma picape que aguenta uso mais pesado, sem abrir mão de acabamento bem cuidado, cromados certos e presença visual refinada.


No interior da Titano Ranch 2026, a Fiat oferece um ambiente menos deveículo apto ao uso “pesado” e mais de luxo e conforto “premium”. Os bancos são revestidos em material sintético que imita couro, ajustes elétricos nos dois bancos dianteiros (o que é raro), volante multifuncional em couro; acabamento com detalhes cromados e black piano são elementos que destacam a versão. A única coisa estranha é um sorumbático acendedor de cigarro no console, algo banido da maioria dos carros de nosso mercado… A central multimídia tem tela de 10 polegadas com conexão para Android Auto/Apple CarPlay sem fio.

A ergonomia se mostra adequada para os ocupantes, em especial para o motorista: volante com ajuste de altura e profundidade, boa visibilidade para frente, posição de dirigir alta e comandos bem dispostos e identificados. Os passageiros traseiros, embora em uma picape média com cabine dupla, possuem razoável espaço. É por dentro basicamente um SUV grande e de luxo, e o entre-eixos de 3,18 m ajuda, mas o estilo das picape sempre impõe certos limites.

Equipamentos de conforto adicionais na Ranch incluem ar-condicionado digital de duas zonas, monitoramento de pressão dos pneus, sensores de chuva e crepuscular, rebatimento automático de retrovisores, navegação embarcada, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, e o tal acendedor de cigarros… Outros pontos interessantes são porta-luvas refrigerado, entradas USB frontais e traseiras, luz de caçamba e tomadas 12 V e USB.


Quanto ao acabamento e sensação de qualidade, a Titano Ranch entrega níveis semelhantes aos dos concorrentes. Tudo é bem cuidado, afastando qualquer desconfiança sobre uma picape Peugeot, com projeto chinês, feita na Argentina e que passou por cuidados em Betim (MG). O resultado foi realmente muito bom. O nível é alto e a conectividade correta.

Debaixo do capô da Titano Ranch 2026 encontramos o motor Multijet 2.2 turbo diesel de 200 cv de potência máxima a 3.500 rpm e 45 mkgf de torque máximo a 1.500 rpm, o que significa uma boa melhora em relação à versão anterior.
Esse motor está acoplado a um câmbio automático ZF8HP de oito marchas, melhorando o desempenho, eficiência e consumo de combustível, com médias de 10 km/litro de diesel na cidade e 11,6 km/l na estrada, segundo as medições de AUTO&TÉCNICA. A tração é 4×4 com reduzida, permanente ou temporária, com seleção eletrônica.


O novo powertrain, com caixa de câmbio maior, obrigou o deslocamento do motor em cerca de 30 cm para frente. Isso exigiu um extenso retrabalho de todo conjunto de suspensão, onde molas e amortecedores são novos; a assistência de direção agora é elétrica. A aceleração de zero a 100 km/h é feita em 9,9 segundos (na versão anterior era em cerca de 12,4 s) e a velocidade máxima é de 180 km/h; antes era de 175 km/h.

Na prática, em uso misto entre cidade e estrada, o novo motor 2.2 mostra-se bastante competente para transportar carga, puxar um reboque e encarar trechos fora de estrada. No asfalto, tudo normal. A entrega de torque em rotações baixas ajuda nas arrancadas com carga ou subida. A tração 4×4 com reduzida e outras características off-road fazem a Titano picape migrar tranquila para o asfalto, sem maiores dificuldades.

No asfalto, na verdade por conta do peso e dimensões generosas da picape, qualquer sensação de “esportividade” não passa nem perto do foco: o objetivo da Fiat é oferecer um veículo robusto, espaçoso e versatil.

Em termos de dirigibilidade, a Titano Ranch 2026 revela sua evolução de “picape de trabalho” para picape do dia a dia, com jeitão de utilitário premium. A suspensão dianteira é independente e a traseira é do tipo eixo rígido com feixe de molas semielípticas de quatro lâminas e amortecedores pressurizados. Bem calibradas, garantem robustez para pisos ruins, cargas ou fora de estrada moderado. O vão-livre de 23,5 cm e ângulos de ataque (29 graus) e de saída (27graus) também contribuem para o uso mais eficiente no fora de estrada do que muitas rivais notadamente urbanas.

Os freios, agora com discos ventilados na dianteira e discos rígidos na traseira (com freio de estacionamento elétrico) atendem muito bem o compromisso desta picape topo de linha. Em termos de conforto ao dirigir, o peso da carroceria, o motor diesel, e as rodas e pneus maiores e com característica mais “off road”, atrapalham um pouco: pode haver maior ruído ao rodar e menor suavidade em pavimentos irregulares comparado com veículos mais focados no asfalto.

Em termos de segurança, a versão Ranch já traz um “pacote” interessante: controle de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampa, Hill Hold, Hill Descent Control, bloqueio de diferencial traseiro, sensores de pressão de pneus, câmera de 360° e sensores dianteiros e traseiros que também elevam o nível de assistência ao condutor.
Entretanto, vale ressaltar que alguns sistemas de assistência avançada (ADAS) mais sofisticados — como frenagem autônoma de emergência, assistência de manutenção de faixa ou condução semi-autônoma — ainda não são padrão no modelo, mas estão a caminho. Isso significa que, embora a Titano Ranch tenha muitos dos itens que o comprador espera hoje, ela talvez não esteja no mesmo patamar de “assistentes de condução” que alguns SUVs ou picapes topo de linha oferecem.
O nível de acabamento e sensação de segurança é adequado: bancos bem estruturados, boa posição de condução e dirigibilidade firme. O “pacote” de equipamentos tecnológicos internos (como central multimídia e conectividade sem fio) contribui para uma experiência muito agradável ao volante.
A Titano Ranch 2026 briga em um segmento competitivo, frente a modelos como Toyota Hilux, Ford Ranger e Chevrolet S10, entre outras picapes médias menos cotadas, como a Nissan Pathfinder. Seu posicionamento de preço (R$285.990 para versão Ranch) coloca o modelo em uma faixa de mercado na qual o comprador faz questão de robustez, versatilidade e aparência, e não apenas “uma picape para trabalhar”.

A vantagem competitiva pode residir no layout desta “topo de linha” da Fiat, combinação 4×4+diesel+acabamento premium num valor competitivo. Por outro lado, concorrentes já velhacas no mercado podem oferecer rede de serviços mais madura e maior histórico de confiabilidade. Para aquele comprador que precisa de espaço para carga, tração 4×4 e uso misto estrada/trabalho/família, a Titano Ranch pode ser uma escolha interessante.
Conclusão
A Titano Ranch 2026 representa um passo adiante da Fiat no segmento de picapes (Strada, Toro e Titano), com perfil robusto, equipamentos em profusão, motor diesel eficiente e tração 4×4, que entregam versatilidade para trabalho, lazer e estrada. Seu acabamento interior e tecnologia a bordo a colocam num patamar superior dentro da marca, e a configuração topo de linha justifica, para muitos, o investimento.
Contudo, há concessões naturais que alguns consideram, como consumo, custos operacionais, tamanho, manobrabilidade urbana e refinamento do conjunto mecânico. Para quem vai focar em sua capacidade de carga, reboque ou uso fora de estrada, a Titano Ranch se mostra uma picape muito capaz. Para quem busca apenas “uma picape para o dia a dia e família”, talvez valha olhar as versões mais baratas.

Assim, se você procura uma picape média de verdade, com alguma característica off-road, boa capacidade de carga, acabamento premium e não se incomoda com os custos inerentes a isso tudo, a Titano Ranch 2026 é uma das escolhas mais completas da marca no Brasil. Se a prioridade for apenas conforto urbano, economia ou uso predominantemente no asfalto, vale avaliar se esse porte e motorização fazem sentido. Em todo caso, ela não vai decepcionar e é interessante observar como a Titano evoluiu de um ano para outro. Parece até outra picape.

