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TESTE: Jeep Renegade Trailhawk 4X4 T270 FLEX 

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Quando a proposta é um SUV compacto com alma aventureira, o Renegade na versão Trailhawk sempre foi o aceno sedutor da Jeep no segmento: visual quadradinho, presença robusta e, sobretudo, vocação para rodar fora do asfalto sem perder a civilidade urbana. A versão Trailhawk 4×4 para 2025 chegou com a mesma receita: capacidade para aventuras fora de estrada de leves a moderadas, equipamentos de conforto para o dia a dia e um visual exageradamente confiante. AUTO&TÉCNICA passou duas semanas dirigindo por estradas, enfrentando trilhas de terra e circulando no trânsito das cidades para entender se toda essa cara de invocado se traduz em função real.

por Ricardo Caruso

A linha 2025 do Jeep Renegade teve algumas novidades apresentadas no início deste ano, entre elas a equiparação das versões Traihawk e Sahara, que são posicionadas como topo de linha. A Trailhawk tem tração 4×4, e a Sahara, 4×2. A versão Trailhawk ostenta o emblema “Trail Rated” da Jeep, que indica a preparação adequada para uso no fora de estrada. O veículo nesta versão tem preço sugerido de R$ 179.990.

Bom recordar que o Renegade mantém a mesma plataforma “Small Wide 4×4” de quando foi lançado em 2015 (e custava a partir de R$ 66.900), e desde então o modelo passou por duas atualizações. A primeira foi um facelift leve em 2018, quando recebeu mudanças no para-choque, grade mais larga e faróis reposicionados. A segunda mudança foi mais extensa, em 2022, quando teve a dianteira redesenhada, mudança nas lanternas e a adoção do motor 1.3 turbo, flex, T270 de 185 cv de potência máxima e 27,5 mkgf de torque máximo.

O Renegade Trailhawk não tenta disfarçar suas más intenções: para-choques com ângulos de ataque mais generosos, proteções plásticas reforçadas na parte inferior para os componentes mecânicos, ganchos de reboque (pintados geralmente de vermelho), pneus de perfil mais alto de uso misto 215/60-17 e o logo Trailhawk em evidência.

A carroceria mantém as linhas quadradas que se tornaram a identidade do Renegade desde seu lançamento aqui no Brasil, há 10 anos. Resultado: é fácil de identificar no trânsito. Na linha 2025 recebeu discretos retoques estéticos que o modernizaram um pouco, sem perder a personalidade: grade com acabamento diferenciado, faróis com assinatura luminosa atualizada e uma paleta de cores que valoriza não só os tons escuros e terrosos, a cara do off-road, mas também um sofisticado branco perolizado. A versão conta também com suspensão elevada.

A impressão visual é a de um SUV compacto que, apesar do porte reduzido diante de rivais maiores, entrega sensação de robustez. Ideal para quem quer um veículo urbano com imagem aventureira, e que, de fato, vai além do efeito visual conforme o terreno vai piorando.

Por dentro, o Renegade Trailhawk aposta em materiais mais resistentes e alguns toques premium: bancos revestidos em tecido com apoio lateral, costuras contrastantes, logos “Trailhawk”, detalhes do painel em cor metálica e proteções plásticas em pontos estratégicos. A posição de dirigir é alta, com bom campo de visão, característica útil tanto na cidade quanto fora dela.

No painel, o layout é funcional, como em toda linha. A tela central do multimídia U-Connect tem 8,4 polegadas e menus diretos, conectividade com Apple CarPlay e Android Auto e botões físicos para as funções mais usadas, algo interessante em um carro pensado para levar os filhos na escola, ir às compras e, claro, para sujar o pé na lama: o toque físico funciona melhor quando as mãos estão com alguma sujeira, diferente dos comandos digitais. O quadro de instrumentos programável mistura elementos digitais e analógicos, com informações úteis ao motorista (consumo instantâneo, modos de condução, tração etc.).

Espaço interno e porta-malas: o Renegade é um veículo compacto, então quem viaja atrás com mais de 1,80 m de altura pode notar restrição no espaço para as pernas em viagens longas, mas o banco traseiro é aceitável para dois adultos e um criança ao centro. O porta-malas de 385 litros é prático e correto para a proposta do Jeep; é suficiente para as malas de fim de semana e outras bagagens compactas.

A filosofia Trailhawk da versão é oferecer um conjunto com foco em boa tração e controle. No uso urbano, o Renegade se mostra bastante civilizado: suspensão bem calibrada para um ajuste equilibrado entre conforto e controle, direção com assistência elétrica e câmbio automatico de nove marchas que permite engates sequenciais, bem ajustado para suavidade nas trocas. No asfalto, transmite segurança, contornando curvas rápidas como os melhores SUVs de sua categoria ou acima dela.

Ao sair do asfalto, o que importa é que o conjunto de tração e tecnologia funcione bem. E assim acontece: bloqueios eletrônicos, modos de condução específicos (inclusive para off-road), controle de declive e um ajuste de suspensão/tração que privilegia aderência em terrenos ruins. A geometria de para-choque e a altura em relação ao solo (mais generosa na versão Trailhawk) permitem vencer pedras, lombadas e valetas sem bater o fundo. Em trilhas mais técnicas, é um carro capaz, desde que o desafio não exija componentes para situações mais pesadas (não estamos falando de um Wrangler, claro, mas sim de um Renegade que entra na maioria das trilhas e sai delas sem maiores dramas).

É equipado com o motor 1.3 turboflex. A resposta do motor é adequada ao uso misto: empurra com vontade suficiente nas ultrapassagens e retomadas. Em off-road, torque em baixa é o que mais conta, e o Renegade entrega a sensação de que não vai faltar força. A transmissão, quando colocada em modo manual, ajuda a gerenciar trocas em terreno irregular. Observação prática: o conjunto transmitiu confiança tanto em lama quanto em trechos de pedras soltas; o sistema de tração e o controle de descida funcionaram de forma previsível, evitando sustos inesperados. A velocidade máxima é de 202 km/h e a aceleração de zero a 100 km/h é feita em 9,7 segundos, abastecido com etanol.

Como em qualquer SUV com foco em tração e certas concessões de peso e aerodinâmica, o consumo varia bastante conforme o uso. Na cidade, com tráfego pesado, espere números mais altos; em estrada, o consumo melhora. Em pistas de terra, o consumo sobe ainda mais devido ao esforço adicional. Para leitores que valorizam economia, vale considerar que vocação off-road cobra seu preço por conta de compromissos com a eficiência. Na cidade, fizemos 6,2 km/litro (etanol) e 9,1 km/l (gasolina); na estrada 9,6 km/l (E) e 12,9 km/l (G). Marcas bastante razoáveis para o compomisso do Jeep nessa versão.

O Renegade Trailhawk traz um “pacote” razoável de assistências, tanto passivas (estrutura e airbags) quanto ativas (sensores, câmeras, controle de estabilidade, assistente de descida…). Para quem vai usar o carro com frequência no fora de estrada, esses recursos aumentam bastante a segurança operacional. A presença de elementos como controle de tração com modos específicos e auxílio em declives é crucial e bem calibrado.

Em termos de equipamento de série, espere nos Renegade uma boa lista, mas sempre confirme a versão: recursos como assistência semi-autônoma, frenagem automática de emergência e monitoramento de ponto cego podem variar conforme o acabamento e opcionalizações. No Trailhawk, destaque para ar-condicionado digital dual zone, faróis e lanternas full LED, banco do motorista com ajuste de altura, câmera de ré e controle de cruzeiro. Ele também vem com seis airbags, controle de estabilidade e tração, frenagem autônoma de emergência e detector de fadiga, entre outros

 No trânsito urbano, o Renegade Trailhawk não castiga ninguém, pois a visibilidade elevada e a caixa de câmbio ZF automática de funcionamento suave contribuem para um uso diário tranquilo. Em longas viagens, a suspensão filtra bem as irregularidades do piso, embora o perfil mais “aventureiro” dos pneus possa trazer ruído de rolagem um pouco mais presente do que em um SUV urbano puro.

Ao volante em estradas sinuosas, o carro transmite segurança e previsibilidade; a carroceria controla bem a rolagem, mesmo em um SUV compacto com proposta off-road. Para quem busca um carro versátil, que seja companheiro da família e também um “brinquedo” para fins de semana em trilhas, o Renegade Trailhawk entrega equilíbrio e agrada.

Pontos fortes

  • Identidade e presença: visual que transmite robustez e autenticidade Jeep.
  • Capacidade off-road disponível: boa altura do solo, modos de tração e assistências que funcionam bem em trilhas leves e médias.
  • Conforto e usabilidade urbana: posição de dirigir, ergonomia e multimídia amigáveis ao dia a dia.
  • Robustez percebida: materiais e proteções pensadas para uso menos urbano, com fácil manutenção da estética após uso em terra.

E para quem é um SUV compacto com credenciais para aventura reais, como alguém que mora na cidade mas não se intimida de encarar estradas de terra, trilhas moderadas e fins de semana em pousadas ou acampamentos. É a opção ideal para famílias pequenas que valorizam imagem e capacidade, e para entusiastas que querem um veículo pronto para exploração e aventuras, sem o custo e o porte de um jipe grande importado.

CONCLUSÃO

O Jeep Renegade Trailhawk 2025 reafirma o que o sobrenome Trailhawk indica: um bom equilíbrio entre comportamento urbano e capacidade off-road numa embalagem compacta e bem definida. Ele não se propõe a substituir um Wrangler para uso extremo, por exemplo, mas na sua proposta cumpre tudo com competência: tem presença, bom nível de equipamentos e comportamento coerente com o que promete. Se você busca um SUV compacto com espírito aventureiro, que transpire “fora da estrada” sem sacrificar o conforto diário, o Renegade Trailhawk é uma das opções mais interessantes do segmento. É caro e tem consumo elevado, mas isso faz parte do “pacote”…


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