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De novo? Chips para automóveis começam a faltar

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A escassez de chips no mercado internacional, causada por restrições da China à holandesa Nexperia, ameaça perturbar a produção de automóveis em boa parte do mundo. A Europa já começou a sentir os efeitos disso e, no Brasil, a Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores) já prevê problemas para as próximas semanas.

A Nexperia é uma fabricante de semicondutores (chips) com sede em Nijmegen, Holanda. Era uma subsidiária da Wingtech Technology, empresa com sede em Xangai, controlada pelo governo chinês. No início deste mês de outubro, o governo holandês -alegando preocupações com a segurança nacional- assumiu na marra o controle da Nexperia, com óbvia reação imediata dos chineses.

O comunicado divulgado pelas autoridades holandesas explica que “a decisão tem por objetivo evitar uma situação em que os bens produzidos pela Nexperia fiquem indisponíveis em caso de emergência, afetando a segurança do país”. Na verdade sabe-se que a intervenção aconteceu depois que os Países Baixos foram pressionados por Washington para fazer mudanças no controle da fabricante. Mais um episódio da Guerra Fria entre Estados Unidos e China.

da Redação

A indústria automotiva está numa corrida contra o tempo e se prepara-se para ter de lidar com dificuldades e até interrupções de produção. A causa é a nova crise de fornecimento chips provocada pelas restrições de exportações feitas pela China à Nexperia, um fabricante do componente, agora controlado pelo governo da Holanda, mas propriedade da chinesa Wingtech, que vende cerca de 60% da sua produção para a indústria automotiva, atendendo clientes como BMW, Toyota, VW e Mercedes, entre outras.

Fontes citadas pela imprensa europeia indica que a falta de chips poderá afetar os principais fornecedores do mercado automotivo dentro de uma semana e espalhar-se por todo o setor em 10 ou 20 dias.

O problema começou quando o governo chinês reagiu e proibiu a Nexperia de exportar os chips produzidos na China, num ato contra a nacionalização da empresa feita pelo governo holandês, pressionado pelos Estados Unidos, que limitou a atividade da Wingtech. Em reunião no recente dia 21 de outubro, o ministro do comércio chinês, Wang Wentao, afirmou que a decisão da Holanda “afetou seriamente” a estabilidade da cadeia de abastecimento global de chips.

A ACEA (Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis) já tinha se pronunciado relativamente a esta questão: “Sem os chips, os fabricantes europeus de componentes não conseguem fabricar as peças e os componentes necessários para abastecer as montadoras, ameaçando interromper a produção. Os estoques atuais de chips da Nexperia devem durar apenas algumas semanas”, disse. O governo holandês assumiu que permanece em contato com as autoridades chinesas para trabalhar “na direção de uma solução construtiva”.

Também os fabricantes e fornecedores de automóveis anunciaram que fazem constantes reuniões de gerenciamento da crise com autoridades governamentais, de forma a traçar planos de contingência, mas alertaram que qualquer validação de componentes para substituir os já homologados levará meses, não dias.

A Volkswagen, por exemplo, já informou aos seus funcionários de que a produção ainda não foi afetada pela escassez de chips, mas assumiu que poderá sofrer impactos a curto prazo. Outro fabricante que confirmou que parte da sua rede de abastecimento está a sendo afetada foi a BMW, mas ainda não parou a produção. A Mercedes-Benz não confirmou se a empresa holandesa faz parte da sua rede de fornecedores, mas afirmou estar em contato com eles.

O Grupo Volkswagen está avaliando os impactos nos fornecedores e nos componentes, pois alguns chips da Nexperia entram de forma indireta nos seus veículos. Já a Stellantis afirmou estar colaborando com outros fornecedores para avaliar os impactos e planejar medidas de alívio. A Renault declarou estar monitorando a situação, e que ainda é cedo para fazer uma declaração definitiva. A Bosch confirmou que a Nexperia é um dos seus fornecedores de componentes eletrônicos e está trabalhando para minimizar potenciais impactos. No Brasil, a Anfavea já demonstrou preocupação.

O encontro entre Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Xi Jinping, presidente da China, marcado para este mês na Coreia do Sul também poderá redefinir o ambiente comercial entre Washington e Pequim. Contudo, permanecem no ar enormes incertezas até sobre a realização desta reunião devido às tensões crescentes provocadas pelo presidente Donald.


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